quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Dent du Lanfon – Annecy Fr.

Partimos agora para uma grande aventura, saímos de quase o nível do mar para um dos mais altos picos de Highline na França. Vamos conhecer um grande atleta que vai nos guiar até o topo da montanha junto com mais dois guerreiros de sua equipe de Slackline. Todo o esforço da equipe para realizarmos esta missão com os mais belos registros de imagens épicas inéditas na televisão, serão momentos extremos no frio e de superação pessoal recompensado com o resultado deste lindo trabalho e a bela e maravilhosa paisagem desta montanha conhecida como Dent du Lanfon em Anneci. Este lugar tem um enorme lago conhecido pelo mesmo e fica próximo a Itália e Suíça. Um verdadeiro paraíso para diversas práticas esportivas, entre elas o Higline, escalada e voo livre.

Apesar de todos os percalços durante os nossos desafios, eu particularmente, preso muito pela segurança de todos os envolvidos e a minha consequentemente. Aqui eu vou tentar descrever essa expirência que vivi, que foi uma das melhores na minha vida e com uma das melhores equipes de Slackline na França liderado por um atleta muito conceituado em toda a Europa. Essa incrível pessoa que agora faz parte da nossa história e vai nos guiar nessa missão é o Jullien Millot, juntamente com o Thibaut e o Quentin
No alpinismo temos uma filosofia que diz o seguinte, vá para a montanha com uma pessoa mais experiente do que você, pois caso precise, é ela que vai tirar você de uma roubada. Já em ocasiões extremas nos ambientes inóspitos nos tornamos sobreviventes, mas não é caso deste lugar. E de fato não poderíamos estar mais bem acompanhado.

Essa aventura começou pra mim desde a noite anterior durante a viagem, paramos para jantar na autoestrada em um dos poucos lugares abertos que encontramos, a galera fez o pedido de um lanche que seria o jantar, mas por falta de comunicação o meu pedido não foi contabilizado e era o ultimo atendimento antes do estabelecimento fechar também... fiquei sem jantar, viajamos umas 6horas até encontrarmos o camping em Annecy, está noite dormimos nesta cidade que é uma das mais charmosas desta região, considerada a Suíça francesa, e o meu jantar foi pão com atum enlatado, sem dúvida estava uma delícia! Sabia que no dia seguinte haveria uma grande missão e eu teria que da o meu melhor novamente para ajudar a equipe conquistar mais esse grande desafio.

Pela manhã do dia seguinte nos juntamos à equipe do Jullen, separamos o material essencial para montar o Highline enquanto o Paul agilizou os lanches para a montanha. Pegamos o motor home e seguimos para o Dent du Lanfon, estávamos um pouco atrasados do horário previsto para realizar essa missão, mas confiantes iniciamos a subida por uma trilha bem íngreme que leva até o colo das montanhas. Mas logo no inicio da subida percebemos a dificuldade do grupo em nos acompanhar para fazer o registro das imagens e para completar, nosso parceiro Gabriel, que já se mostrava indisposto declarou que estava mal da barriga! Paramos para descansar e analisar a situação. Resolvemos nos separar após conversarmos um pouco e falarmos sobre a possibilidade da equipe de produção não conseguir alcançar o topo da montanha junto com a gente e ou o Gabriel passar mal e termos que voltar todos depois estarmos próximos ao final, o que poderia também comprometer a segurança de todos, pois era a primeira vez que estaríamos tendo uma grande única experiência de escalar todos juntos em uma montanha com o acesso que é bem perigoso por sinal. _Quando temos conhecimento do risco de uma atividade, às vezes somos mal interpretados por nos declarar preocupado e expor uma opinião sobre o risco de acidentes por um dos integrantes e se vale a pena expor uma equipe inteira a um desafio que compromete uma expedição maior ainda. A decisão mais segura, diante do estado em que o Gabriel se encontrava, era ele voltar para o carro e se recuperar para os próximos desafios na viagem ou ficar com o grupo que subiria até o colo da montanha. A decisão então foi continuar, adicionamos um pouco mais de equipamento na mochila de cada um para que o Gabriel subisse mais leve, nos separamos em dois grupos e tocamos pra cima, havia muita subida no trajeto então decidimos subir na frente para adiantar. 

Quando chegamos ao colo entre os vales, de frente para o paredão onde iríamos subir, paramos para lanchar e se equipar, enquanto isso o Diogo Barbosa que é um dos cinegrafistas chegou quase em seguida juntamente com o Gabriel que resolveu que subiria com a gente. O Paul que estava no nosso grupo decidiu ficar e se juntar a equipe que estava subindo até esta base para assim fazer o registro do nosso grande desafio que era andar de Highline no topo desta montanha juntamente com o Jullien Millot.
O tempo passava rapidamente, pelo menos é essa sensação que temos quando estamos na montanha, e neste caso estávamos um pouco atrasados. Nos encordamos todos há uma distância de dez metros entre um e outro, sendo o Jullien na frente guiando o trajeto, seguido pelo Thibaut, QuentinGabriel, Diogo e eu fechando a cordada e recuperando os equipamentos deixados como proteção que usamos ao longo da escalada para dar segurança no caso de uma eventual queda.

Essa escalada foi um momento marcante para mim, e com aspecto de aventura por não saber como terminaríamos ou se terminaríamos bem, pois o fato de o Gabriel não está bem me deixou muito preocupado, mas se ele, por decisão própria, optou por subir! A força de vontade dele de estar junto era mais do que o suficiente para que nós conseguíssemos realizar esta missão. Então iniciamos a escalada à francesa, um estilo alpino muito praticado principalmente para agilizar as subidas. O acesso é também uma área de risco, pois há muitos blocos e pedras soltas, no caso da queda de alguém em qualquer ponto poderia causa um acidente ainda maior por conta disso, mas tivemos todo o cuidado e quando a corda esbarrava em alguma pedra gritávamos rapidamente para que quem estivesse mais abaixo conseguisse se proteger. O deslocamento neste estilo de escalada é simultâneo, a segurança está no contrapeso de cada participante entre os pontos de costura postos em raízes ou pedra entalada, então se faz necessário que todos estejam muito atentos, e eu por ser o ultimo da parte de baixo usei uma técnica simples com apenas um cordelete e um mosquetão através de um de bloqueio chamado prussik, se a distância entre eu o Diogo diminuísse ou aumentasse eu regulava a folga usando o nó.

Assim chegamos ao cume sem nenhum problema, iniciamos a montagem do Highline para começar a brincadeira, o desafio era uma belíssima linha de 35 metros no estilo gringo e bem solta do jeito que eles gostam. Não houve tempo para nós nos adaptarmos a andar neste estilo com fita tão solta, então pedíamos ao Jullien para esticarmos um pouco mais na nossa vez. Mas o maior prazer nesta missão já era ter conseguido chegar neste lugar na companhia deste cara tão incrível juntamente com seus amigos que nos proporcionaram momentos de muita descontração e alegria apesar do cansaço.

Andar neste Highline então foi como um prêmio! Já o frio, esse sim considero ter sido o maior desafio pra mim, coloquei todas as roupas que levei e ainda assim passei frio em alguns momentos. Depois de tudo montado não nos restava muito tempo, então assim que iniciei meus primeiros passos no Highline percebi que o Drone que estava sendo guiado pela a equipe lá de baixo estava sobrevoando no seu limite máximo, sabia que a travessia do Jullien com aquelas imagens aéreas seria histórica para nós e o tempo de voo também era curto, dei alguns passos na fita e saí rapidamente passando a vez para ele que deu um show com seu estilo leve de andar, isso foi gratificante para mim. O Gabriel também se animou e deu um rolé. Essas as imagens entram para a história com esse cenário impressionante, uma linda paisagem sendo revelada com imagens épicas neste Highline estendido sobre essa maravilhosa vista do Lago de Annecy.

Rapidamente enquanto havia luz desmontamos o Highline e fizemos um rapel para o lado oposto da montanha, pois em poucos instantes presenciaríamos outro momento inesquecível, o Jullien trouxe o seu equipamento de voo e fomos todos com ele até a beira do penhasco. Para observar um impressionante salto de Wingsuit por ele, o Diogo preparou a câmera sabiamente em slow e conseguiu registrar o momento exato do salto, ele se despediu e pulou no vazio sobrevoando uma incrível paisagem por quase dois minutos a uma velocidade impressionante. Tivemos ali um pequeno instante de euforia por ter presenciado esse momento e logo nos preparamos rapidamente para descer, pois teríamos que fazer todo percurso de volta e à noite.

Descemos com muito cuidado e sem nenhum problema, no final, quando todos já estavam no chão pegando a trilha de volta, eu fiz o ultimo rapel, e ao ler uma placa em homenagem aos falecidos no local, sentir que a minha preocupação chegara ao fim e na minha cabeça havia apenas a sensação de mais uma missão cumprida. Seguimos um pouco cansados com todo peso do equipamento de volta nas costas, caminhamos com muito cuidado na trilha que estava com alguns pedaços de gelo e em alguns trechos muito escorregadio, mas depois de algumas horas para baixo chegamos tranquilamente e fomos logo encontrar o Jullien Millot lá em baixo na cidade onde aproveitamos para comemorar o resultado desse grande desafio alcançado, ainda para fechar, pedimos umas pizzas e saímos para comer sentados numa praça na beira da estrada. Segundo a narração deles no blog da SlackFr, “_Um verdadeiro banquete, digno de um Asteríx”! Só uma palavra pode ser dita após esta grande realização na companhia de vocês, obrigado! Somos gratos pra sempre por tudo.
Lei um pouco mais através do relato escrito pelo Jullien Millot no blog da SlackFr (Brasileiros no Dent du Lanfon).

No dia seguinte ainda tivemos uma agradável experiência com esse cara. Fizemos Longline num dia de domingo em bosque com o Jullien e sua família, cada um de nós esticou uma fita longa e o Gabriel uma trickline. Tivemos o privilégio de ver de perto todo o seu estilo e aprender com ele uma nova maneira de sentir o equilíbrio para dominar uma fita em longas distâncias, uma verdadeira aula de Slackline por uma pessoa que faz do Esporte um estilo de vida, um cara que representa muito bem o Slackline mundialmente. Foi um dia de descontração, compartilhamos este melhor momento com ele falando do que o Esporte significa na vida dele e assim fechamos essa missão e seguimos agora em buscar de realizar mais uma etapa da viagem aprendendo e evoluindo com os momentos de superação. Afinal vivemos pelos desafios, porque sem superação não galgamos os degraus da vida.
Acesse agora o Facebook para ver mais fotos na página Atleta Gideão Melo Album Dents du Lanfon Ep4

Ah, não poderia deixar de linkar pra vocês o vídeo do Canal Off com a prévia do que vem neste Episódio 4, confira: Dent du Lanfon

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