quinta-feira, 19 de abril de 2018

Serra Fina em 4dias

Esse era pra ser um relato desta incrível aventura que foi a Travessia da Serra Fina numa Expedição entre Amigos como programávamos já há alguns anos. Mas vou dedicar este texto a quem está planejando para fazê-la. São informações essenciais, mas não substituem o Guia de Montanha.

Vou descrever conforme o tempo que levamos entre cada ponto destacado como essencial nas nossas paradas, a maior parte baseado no horário dos registros fotográficos que fizemos, portanto, algumas informações são passivas de erro. Considere, além disso, que estávamos carregando nossos próprios mantimentos, sem carregador e de forma autônoma, mas relativamente leve para quatro dias na montanha com três pernoites. Eu sou atleta e nós três, Gideão Melo, Felipe Guedes e Rafael Cajá, somos Guias de Montanha com um condicionamento diferenciado, mas fizemos sem pressa, exceto no ultimo dia que demos umas corridinhas nas descidas.



Dia 1 - Primeiro dia, a primeira coisa que você deve fazer antes de ir para a cidade de Passa Quatro é contratar o Transfer para levar você e sua equipe até a entrada da Trilha e resgatá-los no final da Travessia conforme você decidir fazê-la. Contato: Patrícia - Resgate (35) 91337585
Toca do Lobo>>>Capim Amarelo 6km aproximadamente. Chegamos na cidade de Passa Quatro as 08:00 horas da manhã, fomos até o local que havíamos combinado com o transporte, guardamos o carro e as 08:40 partimos em direção a entrada da trilha, chegamos 09:15 lá na bifurcação da ultima casa (Refúgio da Serra Fina) com a estrada para a Toca do Lobo onde iniciamos a caminhada. Começamos 09:40 e as 10:05 estávamos passando na Toca do Lobo, primeiro ponto de água. A Trilha se inicia cruzando o Rio para direita, a trilha é única, mas tem duas bifurcações logo no início, uma para direita e outra para esquerda bem apagadinha, atente-se para permanecer na Trilha Principal subindo.
As 10h55min chegamos no ultimo ponto de agua do primeiro dia, é importante abastecer-se de água para durar até o dia seguinte. A água neste ponto é abundante, porém é amarelada.
Com a mochila selada e abastecida, sebo nas canelas, você vai andar pelo menos mais uma hora e meia para começar a perceber que o desafio só está no começo, mas o visual da trilha seguindo pelas cristas da montanha é bem animador, é onde começa a cair a ficha que vocês tá na Serra Fina amigo. Continue firme, pois o desafio é grande, as 14:40 paramos numa área de acampamento para um lanche no início da subida final para o Morro do Capim Amarelo que está há 2.570m de altitude aproximadamente. Chegamos no topo as 15:44, 6horas de subida. Baixamos as mochilas e antes de montar o acampamento já fomos da um confere no início da trilha de descida que começa exatamente na posição oposta a chegada, olhando para a Pedra da Mina no Leste, a trilha se inicia um pouco à esquerda, é trilha única bem por baixo da floresta até sair na crista lá na frente. Para direita é somente penhasco.



Dia 2 – Segundo dia. Capim Amarelo >>>Pedra da Mina 6km aproximadamente. Saímos as 90:40 do Capim Amarelo, saímos tarde, pois o percurso é longo. A vantagem é que a maior parte do percurso a mochila está mais leve de comida e quase zero de água. Atenção para o início da trilha que começou um pouco à esquerda, daí só seguir de frente para a Pedra da Mina pelas cristas das montanhas, sobe e desce o tempo todo até chegar no vale já próximo a subida da Pedra da Mina que está bem de frente, foram 04:20 minutos sem parar até o ponto de água e parada pro almoço as 14:00. Abasteça água o suficiente, pois a próxima água está logo no final da descida da Pedra da Mina no dia seguinte, no famoso Vale do Ruah. Ficamos bastante tempo nessa parada e chegamos por volta das 16:45 no Topo da Pedra da Mina que está há 2.798m de altitude, a quarta montanha mais alto do Brasil.



Dia 3 – Terceiro dia. Pedra da Mina>>>Pico dos Três Estados 6km aproximadamente. Saimos as 11:00 e uma hora depois mais ou menos chegamos ao Vale do Rua, da pedra aonde termina a descida a Trilha segue quase que em uma reta em direção ao canion, logo no início atravessando o capim de anta começa o charco, onde tem o primeiro ponto de água. Você pode consumir, mas deixe para pegar água só no final do Rio. Atravessando esse córrego, logo em seguida você deve cruzar o Rio novamente para seguir pelo lado direito, quase paralelo pela Trilha Principal no meio do Capim gigante. Após uns 30 minutos você já deve está próximo da subida de um morrinho no final do canion, antes de se afastar do Rio passando por umas piscinas naturais garanta toda a sua água para todo o percurso final da Travessia. Saindo do ultimo ponto de água em uma bela piscina, a trilha começa se afastar do rio subindo o Morrinho, muita atenção neste ponto, há uma trilha seguindo para baixo que vai para Queluz, trilha abandonada, jamais desça para esse Vale. A única forma de abandona a Travessia é saindo da Pedra Mina para esquerda na Trilha do Paiolinho. Voltando atenção para a subida, a Trilha segue passando no topo desse morrinho e depois desce pelas cristas das montanhas, é muito chão até chegar próximo ao final da crista da serra fina onde há uma bifurcação da trilha descendo para a esquerda em direção ao Pico dos Três Estados. É uma descida um pouco íngreme até chegar numa florestazinha onde há opção de acampamentos, logo a subida começa novamente. É importe ter atenção para seguir pela trilha principal e senso de direção, sempre que suspeitar de um trecho muito apertado, olhe para o chão e identifique se a trilha tem vestígio de pegadas, a Trilha Principal é bem solada devido ao fluxo de pessoas. Chegamos por volta das 16:00 no cume do Pico dos Três Estados que está há 2.665m de altitude.



Dia 4 – Quarto e último dia. Pico dos Três Estados 10km aproximadamente.  Aproveite o nascer do Sol que irá nascer provavelmente por trás do Pico das Agulhas Negras, no período do Outono e Inverno. A descida é em direção ao Picú, uma formação rochosa ao longo. Lembrado que a partir do primeiro dia não há sinal de telefone e nenhuma outra forma de comunicação, o telefone só vai pegar na subida e no topo do Morro dos Ivos aonde você deve fazer contato com o serviço de transporte para o resgate. De lá até o asfalto é mais ou menos três horas e meia. Lembre-se que esse dia é o mais longo, você deve preservar um pouco da sua água, pois há muito chão pela frente até chegar no próximo ponto de água quase na estrada que vai para fazenda, essa fonte está há uns 5 a 10minutos da estrada aonde acaba a Trilha fechada, chegando na Estrada, a saída é para esquerda descendo. É um longo trecho de estrada atravessando a propriedade até chegar no asfalto, não esqueça de fechar as porteiras. Há placas de propriedade particular, onde diz que é proibido entrar sem autorização, neste caso você está saindo feliz e cansado, se encontrar alguém seja educado, acene e continue. Não corra dos animais, mas passe com atenção por eles.

Atenção para sua mochilha, não carregue nada por fora dela! Caso precise colocar um isolante ou barraca, amarre na vertical e se possível na parte de trás da mochila para não prender no mato nos trechos de trilha fechada com bambus. Organize seu lixo para voltar comprimido dentro da mochila também.

Se essas informações foram uteis para você, deixe um comentário. Fique à vontade em acrescentar mais detalhes importantes para quem está indo curtir esse lugar maravilhoso.

Boa missão e aproveitem o caminho.



Um comentário:

  1. Gideão, as dicas estão bacanas. Só faltou uma coisa, orientar tbm como é pra cagar em cima da montanha! A Mantiqueira vem sofrendo pelo fácil acesso as informações(ppalmente com dicas de como chegar, progredir e sair) e pela falta de orientação no que tange ao "banheiro" natural. Já não é mais legal enterrar o coco pq é muita gente. Então a missão é conscientizar e educar a trazer de volta, evitando assim a contaminação das nascente já na crista!
    Ajude a difundir a ideia do shit tube, ou popularmente conhecido aqui na mantiqueira como "Cagô Levô".

    Saudações Mantiqueiristas!!!

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